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28 de janeiro de 2019Reforma Política não significa melhores políticas públicas
Apesar de mudanças recentes no sistema eleitoral, principalmente no que diz respeito à propaganda partidária e ao financiamento de campanhas, ainda não foi realizada uma Reforma Política que proporcione mudanças significativas na maneira que a política é conduzida no País, pauta que, vez ou outra, volta a figurar entre as principais demandas da sociedade. Contudo, o cidadão brasileiro deve saber que, mesmo que eventualmente aprovada, a reforma não garante que sejam feitas políticas públicas melhores dos que as atuais.
Essa observação faz parte do debate promovido pelo UM BRASIL entre a socióloga e especialista em Instituições Políticas Brasileiras da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Raiane Assumpção, e a cientista política e diretora-executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (RAPS), Mônica Sodré.
Mônica lembra que, na busca por replicar no Brasil um sistema político em vigor eficiente, “não há cidadão no mundo, hoje, plenamente satisfeito com a política” e que as “democracias não são todas iguais e não se organizam da mesma maneira pelo mundo”. Além disso, ela diz que a sociedade deve baixar a expectativa em relação ao resultado proporcionado por eventuais mudanças no sistema político.
“Isso normalmente está associado à percepção de que mudanças específicas e pontuais vão nos levar a uma melhora na produção das políticas. Tenho dúvidas se boa parte do que diagnosticamos como problema tem relação com o remédio que se está tentando aplicar”, ressalta Mônica. “Algum tipo de ajuste é necessário, mas é preciso tomar cuidado para não achar que tudo vem por uma Reforma Política, que provavelmente não vai acontecer na medida da expectativa”, completa.
No mesmo sentido, Raiane comenta que “falar em reforma é falar em ajuste, não é revolução ou mudança radical”. Também chama a atenção para o fato de que as pessoas precisam entender o significado da política, que se trata de organizar a vida em coletividade e ordenar o processo de escolha de quem fica responsável por tomar decisões pela sociedade.
“Vejo que fazer uma discussão sobre a Reforma Política significa pensar se as regras estabelecidas estão dando conta de escolher os representantes que tomam melhores decisões para a nossa vida coletiva. Ao fazer esse raciocínio, colocamos a importância que tem pensar em reforma ou não”, pontua a especialista da UNIFESP.
O debate sobre Reforma Política foi tema da sétima aula do curso de extensão UM BRASIL Sustentável: visões, desafios e direções, desenvolvido pelo canal em parceria com a RAPS e o Programa de Mestrado em Análise Ambiental Integrada, da UNIFESP. Assista à entrevista completa aqui.