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25 de setembro de 2017Denise Gentil e Samuel Pessôa debatem Reforma da Previdência
A reforma da Previdência se destaca como uma das mudanças na legislação propostas pelo governo federal que mais gerou debate entre os brasileiros. Para contribuir para tais discussões, o UM BRASIL, em parceria com a Fundação Lemann, traz dois economistas de escolas de pensamento divergentes em debate mediado pela jornalista Mara Luquet: a professora de Macroeconomia e Economia do Setor Público da UFRJ, Denise Lobato Gentil, e o chefe do Centro de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE/FGV), Samuel Pessôa.
Para a professora Denise Gentil, a população idosa do Brasil é superestimada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), análise que é usada para justificar as mudanças na aposentadoria que seriam necessárias em decorrência do envelhecimento da população. "Entre 2022 e 2026 teremos o auge da população jovem no País. O que fico me perguntando é por que discutimos a respeito da população idosa em 2050 e não discutimos sobre a população jovem dos anos de 2020?", indaga Denise.
Segundo ela, o que deveria existir é uma reforma contrária a essa: ao invés de ser excludente, a alteração deveria ser inclusiva. Ela defende, por exemplo, diferentes idades mínimas para aposentadoria, dependendo do tipo de trabalho e da região do País, dadas a grande extensão territorial e a diferença social do Brasil. "Idades mínimas devem ser adaptadas para o tipo de sacrifício físico da atividade econômica. Não faz sentido uma idade única para o País inteiro. Seria punir muito a população mais pobre".
Samuel Pessôa discorda. "Não faz sentido o trabalhador se aposentar aos 52 anos e viver até os 85 – os cidadãos têm que se organizar para fazer outras coisas, ter uma vida produtiva. A reforma tem uma dimensão microeconômica, que é fazer as pessoas trabalharem mais tempo".
Ele também completa que discute Previdência pelo gasto, e não pela receita. "No Brasil, a carga tributária é 35% do PIB. E a Previdência representa 14% do PIB. A conta fecha, mas pergunto: é razoável um país com essa demografia gastar 14% do PIB em pagamento de aposentadorias? Para mim é uma insanidade", conclui.
Além de abordar o regime de aposentadorias, os entrevistados também falam sobre o crescimento econômico, a produtividade e as análises demográficas que acusam o envelhecimento da população. Assista a entrevista completa aqui.